Entendendo a Fáscia e suas funções

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Você já deve ter ouvido falar em Fáscia! Sim, a Fáscia está na moda!

Mas qual o motivo desse “boom” em relação ao tema?

Na verdade, o assunto não é novo para os profissionais que trabalham com terapia manual. O que é recente são as evidências científicas mais consistentes sobre o assunto. Pela definição anatômica, Fáscia significa toda bainha, ou agregado de tecido conectivo que pode ser dissecada. (Stecco C., 2015)

 

No entanto, essa descrição não nos dá a visão das funções desse tecido. Por isso, a definição funcional parece ser mais adequada. Nesse sentido, a Fáscia foi definida como um agregado tridimensional que inclui as interconexões articulares, ligamentares e intramusculares que participam de diversas funções no corpo, incluindo capacidade sensorial, proprioceptiva e de transmissão de força. (Schleip, 2012)

 

O tecido é composto por células e matriz extracelular que inclui a substância fundamental e água. A parte fibrosa (a mais conhecida) inclui Colágeno, Elastina, Fibrina e Fibroblastos. Os Fibroblastos são as células mais comuns do tecido conjuntivo. Eles produzem a substância fundamental e secretam enzimas envolvidas no catabolismo de macromoléculas tendo um papel crucial no reparo do organismo e no processo inflamatório. São células muito responsivas as tensões sustentadas, movimento e pressão tecidual. Essa capacidade tem relação direta com as abordagens terapêuticas utilizadas em Fisioterapia. O estresse mecânico controlado sobre os Fibroblastos tende a aumentar a síntese de tecido conjuntivo e diminuir a produção de mediadores inflamatórios. (Paoletti, 2006)

 

Divide-se em Fáscia Superficial e Profunda. A Fáscia superficial é um tecido disposto em forma de teia que está logo abaixo da derme e tem como funções principais: auxiliar no deslizamento da pele e da fáscia em relação aos tecidos adjacentes; estimular na dinâmica dos fluidos corporais, incluindo a Linfa; nutrição tecidual, atuação no metabolismo e termorregulação. (Stecco, C 2015) Já a Fáscia Profunda tem suas fibras dispostas de forma organizada de acordo com a função corporal, é densa, fibrosa e interage diretamente com o tecido muscular. Atua nas questões mecânicas como: postura, armazenamento de energia, absorção de impactos e transferência de forças. Tem funções sensoriais, proprioceptivas, nociceptivas e interoceptivas. (Stecco, C 2015) Esse tecido não é de forma alguma inerte no corpo humano. Na verdade, pela quantidade de terminações nervosas livres presentes na fáscia, ela é considerada o maior órgão sensorial do corpo humano, inclusive maior que a pele, pois, se encontra profundamente revestindo, separando órgãos e músculos. (Tesarz, 2011)

 

Por isso a fáscia tem um papel fundamental na nocicepção, pois, contém principalmente fibras A e C, e por consequência na percepção de dor. A quantidade de informação que é repassada ao sistema nervoso através dos receptores contidos no tecido fascial é enorme. São encontrados no tecido fascial os mecanorreceptores incluindo Golgi, corpúsculos de Pacini e Ruffini. (Schleip,2003) O envolvimento da Fáscia nas dores crônicas tem sido estudado, tanto como fator causal como consequência de diversas disfunções musculoesqueléticas. (Langevin,2009)

 

De acordo com Robert Schleip: “para a relação sensorial com o nosso próprio corpo, consistindo de propriocepção pura, nocicepção ou interocepção mais visceral – a fáscia provê definitivamente nosso mais importante órgão perceptivo” (Schleip, 2012)

 

O Tecido Fascial tem diversas funções destacando-se:

– Manutenção da integridade estrutural do corpo. (Paoletti, 2006)

– Manutenção da Postura Estática. (Paoletti, 2006)

– Proteção contra traumas físicos (Myers, 2014)

– Absorção de choques (Paoletti, 2006)

– Transmissão de força e Mecanotransdução (transformação de estímulos mecânicos em respostas bioquímicas). (Huijing, 2012)

 

Temos muito ainda para descobrir na pesquisa e prática clínica sobre o Sistema Fascial! Mas já fica claro que profissionais da área da saúde que trabalham com indivíduos com dor e disfunções de movimento devem buscar conhecer e incluir a estimulação do tecido fascial em suas abordagens!

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